CASA RODALUZ

Na noite o vento frio procura...
E eu encontro o seu gelado abraço...
Sob o luar em sua luz escura...
Sem rumo caminho passo a passo...

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No olhar vago aceito o que vejo...
Paisagem cálida quase sem cor...
Pelo caminho solto cada desejo...
Ficando solo o meu sereno amor...

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Deixo rastro de muitas paixões...
Gemidos e gotas de lágrima amarga...
Pedaços meus em muitos corações...
Alivío ao deixar pra trás cada carga...

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As estrelas me olham na compaixão
Enquanto por dentro me desfacelo...
Quase flutuo sob o úmido chão...
Vendo que de areia é o meu castelo...

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Construí quantos cômodos invisíveis...
Cheios de vãs ilusões descabidas...
Meus amanhãs serão previsíveis...
Se não curar todas minhas feridas!

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A Mãe Nuit me dá o terno consolo,
Quando me vê assim despedaçado...
Pra trás vai ficando o Saulo tolo....
Deixo o homem comum cansado...

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A noite com seus ruídos me fala...
Porta voz da materna Mãe Divina...
Na Paz de seu Amor me embala
Meu Ser só na imensidão ilumina!

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Na poesia de sua linguagem...
Decifro o enigma mais oculto...
Sinto me solto numa viagem
Não sou nada, não sou culto.

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A Mãe sob meu olhar tira o véu...
Ambos nos vemos desnudos...
Testemunho, o índigo céu
Vê que conversamos mudos...

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De braços abertos com a plenitude,
Sem ação, no agora nada faço,
Co'a Madre sem nenhuma atitude,
Meu passado ilusório devasso...

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Saio em misteriosa magia
Deste transcendental cenário
Não há solidão na noite fria
Abandono meu calvário...

​

continua >