

Inquietude, desejo e plenitude: a onda que descobre ser o mar
Introdução
Quando está na inquietude para mudar de casa e fica infeliz....
1) A inquietude
“A inquietude que me faz querer sair daqui…” surge como um impulso de fuga. Mas antes de mudar o cenário externo, vale perguntar: quem é que está inquieta?
2) O verdadeiro sujeito
O verdadeiro sujeito , o ilimitado, o Ser que você é , manifesta-se neste plano sem excluir a individualização. A experiência psicológica, porém, identifica a mente como centro e origem, atribuindo-lhe o poder de gerar felicidade ao alcançar objetos. Daí nasce a busca: “quando eu tiver aquilo, serei feliz”.
3) A onda e o oceano
Esse indivíduo, tomado pela “ignorância” (inconsciência de sua natureza), não consegue conter a infinitude em uma emoção ou conquista.
É como uma onda querendo conter o oceano. A paz surge quando a onda reconhece: ela é o oceano em forma de onda. Então cumpre feliz seu papel de ir e vir , e o entendimento ilumina a ignorância.
4) A solução é mudar de casa?
Mudar de casa pode ser bom, mas não garante o sossego interior: vizinhos fazem barulho, o trânsito pode piorar, o espaço maior dá mais trabalho. Sem o esclarecimento interno, a inquietude apenas muda de endereço.
5) Quem está inquieta?
É a individualidade tentando ser a totalidade, esforçando-se para colocar o Todo dentro de si, como se fosse separada.
Casas, viagens, relacionamentos, dinheiro… é lícito desejar e ter. Mas, por mais que o “eu” se infle de conquistas, a plenitude não nasce disso; ela desponta quando a ignorância se dissolve e se entende: “o Todo já se manifesta aqui”.
É por isso que dizemos: “eu sou o outro você” e “somos todos um”.
6) Sobre “desistir do projeto de mudar de casa?”
Não há que desistir. Primeiro, segundo ou terceiro plano ainda pertencem a este mesmo plano. O Plano maior é o conhecimento de que, sendo o Todo, não há felicidade a ser “caçada” pelos objetos.
Esse entendimento clareia a mente para usufruir as conquistas sem dependência: buscar, economizar, inovar, apostar e se esforçar com alegria e sem sofrimento. Assim, passo a passo, você estará “no alto da montanha” , ou, quem sabe, na casa nova , com leveza por dentro.
7) O alívio que o ego busca
Livrar-se de um desejo traz alívio momentâneo, mas logo pode surgir outro (“agora que tenho o apartamento, preciso casar…”) e a mente transforma tudo em nova cobrança.
O caminho é fazer com leveza interior e alegria, mantendo o entendimento de que neste agora infinito somos, em essência, felicidade: Ser, Consciência, Sujeito , o mesmo em todos os seres.
8) “Morte” e estranheza: observar com amorosidade
A sensação de “morte” ou de desconstrução pode aparecer. Observe a partir do lugar de observadora, com amorosidade, auto-compaixão e serenidade.
A chamada “morte do ego” não é o aniquilamento do indivíduo; é a perda do seu poderio, a queda da sua sobrepujança. O ego, como expressão individual do Todo, é sagrado e não está fora da totalidade.
Nota: aqui, “ego” é o eu-persona, a individualidade mental , não um defeito.
9) A “matrix” e a Realidade
Há muito a ser conquistado, e nem tudo será. Haverá o que agrada e o que desagrada , e ainda assim tudo é o milagre desta realidade, esta “matrix”, pequena diante da Verdadeira Realidade.
Daí a linguagem de sonhos, fractais, planos de consciência e dimensões: tentativas de nomear o que transborda o cotidiano.
Síntese
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Inquietude: não se resolve só mudando o cenário; pergunta-se quem está inquieto.
Entendimento: a onda reconhece ser o oceano; a paz nasce agora.
Autor: Saulo Leonardo Lalli - 24 de agosto de 2.025
Assista no YouTube vídeo da poesia que o Saulo Lalli compôs musicada por IA (Suno) clicando aqui.
